"A atuação do fisiologista no futebol"

14/11/2011 15:50

Prof. Esp. Michel Maia, Preparador Físico e Fisiologista, escreve sobre a atuação profissional no futebol.

Atualmente o desenvolvimento das Ciências do Esporte, remete a análises cada vez mais individualizadas dos atletas, objetivando verificar suas potencialidades e aperfeiçoá-las, bem como verificar as suas deficiências para supri-las.
Desta forma, a Fisiologia do Esporte ou do Exercício, vem auxiliar na otimização da performance. O papel do profissional - fisiologista no futebol vem exatamente atuar neste aspecto.

Através das avaliações fisiológicas é possível detectar as condições de composição corporal dos atletas, ou seja, qual o peso considerado ótimo para cada atleta, levando-se em consideração as características genéticas, mas principalmente a exigência da modalidade. Assim se pode determinar qual a massa muscular adequada para cada atleta, considerando a suas características e posições táticas, é possível também detectar as quantidades de gordura ideais para melhoria da performance.

Também se verificam as avaliações da capacidade de resistência aeróbica, limiares metabólicos, da velocidade, da resistência anaeróbica (resistência de velocidade), da potência, agilidade, força e outros.

Auxiliando também, na formação dos Atletas das categorias de base, com a possibilidade de apurar as valências físicas que serão importantes no desenvolvimento futuro destes atletas como profissionais, como exemplo, podemos citar os desenvolvimentos de massa muscular, de velocidade e de resistência, que desenvolvidos em longo prazo, e verificados prematuramente, evitam um choque de trabalho no atleta, colocando em risco a sua estrutura física.

A evolução do treinamento no futebol proporcionou mudanças substanciais em relação à décadas anteriores, o número de jogos e horas dedicadas às sessões de treinamento sofreram aumentos significativos. As dinâmicas das cargas de treinamento foram alteradas em decorrências de novos conceitos acerca do futebol da atualidade.

Como exemplo, podemos observar as diferenças nas distâncias percorridas nas Copas do Mundo, na Copa da Suíça em 1954, em média durante um jogo, os atletas percorriam a distância total de 4.500 metros, e a partir da Copa da Itália em 1990, estas distâncias totais totalizavam mais de 10.000 metros, é o que também se observa nos dias atuais.

Por isso, o fisiologista no futebol, deve possuir:

- Conhecimento amplo e atualizado das metodologias científicas acerca do treinamento desportivo e da avaliação funcional motora específica para a modalidade;
- Domínio específico de conceitos bioenergéticos direcionados ao futebol;
- Atualização sobre os métodos de controle de cargas de treinamento e de competições.
 

A atuação do fisiologista no futebol deve ter seu trabalho associado ao Departamento de Futebol – Comissão Técnica: treinadores, auxiliares, preparadores físicos e preparadores de goleiros. Departamento Médico, de Fisioterapia, Nutrição e Psicologia. A Integração total com o preparador físico é fundamental.

Assim, atualmente o Departamento de Fisiologia do Esporte (Futebol) tem como funções específicas:

- O planejamento do sistema de avaliação fisiológica: rotinas, testes, especificidades por categorias;
- O acompanhamento transversal e longitudinal dos efeitos e adaptações funcionais em decorrência do treinamento;
- A investigação, detecção e reflexão sobre os aspectos relacionados à assimilação das cargas físicas e seus efeitos;
- A detecção de situações isoladas de overtraining (supertreinamento e desgaste excessivo), através de avaliações de desempenho e bioquímicas;
- O acompanhamento das cargas de trabalho e desgaste físico durante jogos e treinamentos, fornecendo ao preparador físico, mais subsídios para o acompanhamento do processo recuperativo e evolutivo;